Mensagem episcopal para a Quaresma
Rev. Bispa Darlene Garner
Isaías 58: 1-12
A Quaresma é a estação do ano
cristão que envolve um período de aproximadamente seis semanas que antecedem ao
Domingo de Páscoa. O objetivo
tradicional da Quaresma é preparar o crente para a experiência da morte e
ressurreição de Cristo. Durante a Quaresma, muitos cristãos se comprometem em
jejuar ou abrir mão de suas coisas favoritas, seja como uma forma de penitência
ou como uma imitação dos quarenta dias que Jesus passou jejuando no deserto,
antes de começar o seu ministério público.
Algumas tradições cristãs começam
a temporada de Quaresma com um serviço (reunião) especial na metade da semana
que inclui a colocação de cinzas autênticas sobre a testa dos crentes (daí a
origem do nome de Quarta-Feira de Cinzas). Muitas igrejas realizam a liturgia
de Quarta-Feira de Cinzas na metade do dia. Os fiéis têm as testas marcadas com
as cinzas e as carregam por onde quer que vá por todo o resto do dia; um sinal
visível de penitência.
Inclusive nas tradições cristãs
que em realidade não impõem as cinzas, não é prática espiritual de renunciar
algo para a Quaresma. Os crentes são encorajados a jejuar de, ou resistir, algo
ou algum hábito que lhes traz consolo em particular ou prazer (como roer as
unhas, mascar chiclete, comer carne, beber álcool, bebidas cafeinadas ou
gasosas). Fazendo uma definição intencional da realização sem que traga a
comodidade é uma disciplina espiritual que leva os fiéis a participarem do ato
de sacrifício pessoal e na esperança de que tal sacrifício será agradável a
Deus.
A tradição em minha igreja de
infância inclui a cada membro dessa, dar uma pasta de moedas ao iniciar a
Quaresma. A pasta tinha quarenta ranhuras, tínhamos que fazer um sacrifício
pela colocação de uma quarta parte (25 centavos por peça) numa das ranhuras de
cada dia. No momento em que as pastas foram devolvidas à igreja, no Domingo
Pascual, cada crente tinha sacrificado pelo menos 10 dólares que a igreja então
costumava utilizar para por em dia suas contas atrasadas.
Quarta-Feira de Cinza nos faz
pensar que, mais uma vez, é hora de considerar o que - em todo caso - estamos
dispostos a ceder para a Quaresma desse ano. Ao pensarmos nisso, seria bom para
a nossa comunidade olharmos novamente para as palavras do profeta Isaías, como
está registrado no capítulo 58:
“... não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no
alto. Seria este o jejum que eu escolheria que o homem um dia aflija a sua
alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e
cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao SENHOR?”(Isaías 58:4 b-5)
É no espírito de Isaías que me
pergunto: de todos as ações penitentes que posso fazer, quais dessas se fazem o
dia da Quaresma 2013 mais aceitável ao Senhor? O que poderia optar por
renunciar para trazer santidade a nossa vida, força à nossa igreja e paz ao
nosso mundo?
Proponho que as decisões que
tomemos para o nosso jejum quaresmal nos permita a santidade manifesta, a força
e a paz, não só durante a Quaresma, mas durante todo o ano.
Creio que: Nossa vida se tornaria
mais santa se deixarmos a fofoca ao invés do chiclete, se deixarmos de lado a
nossa necessidade de dominar aos demais em lugar de simplesmente renunciar ao
nosso desejo de comer fora, se taparmos as atitudes de gratidão em vez de se
limitar em cobrir nossas testas com cinza.
Nossa igreja se tornaria mais
forte se nos déssemos por vencidos em se tratando de escapar de nossa
responsabilidade de cuidar uns dos outros em vez de dar o um ao outro, e nos
rendemos a criticar em lugar de renunciar à cafeína.
Nosso mundo teria mais paz se
deixo de ser apático, destinando 25 minutos ao dia para um momento de oração
pela causa dos direitos humanos em lugar de renunciar a 25 centavos de dólar ao
bem da fatura vencida.
Vamos tentar, mesmo que seja só
durante os próximos 40 dias. Se o fazemos, pode ser que se surpreenda ao
descobrir a glória que nos espera na manhã de Páscoa.
“Então romperá a tua luz como a
alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e
a glória do SENHOR será a tua retaguarda. Então clamarás, e o SENHOR te
responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo,
o estender do dedo, e o falar iniquamente.” (Isaías 58:8-9)
Tradução: Handré Garcia
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